quarta-feira, 29 de outubro de 2008

O "efeito Orkut" entre casais


O que você faria se entrasse no Orkut do seu namorado, companheiro(a), marido/esposa e se deparasse com aquele recadinho de uma ex ou até mesmo colega de trabalho, amiga, com um final mais ou menos assim: “bjos” ou “saudades”? Teria um ataque de ciúmes ou não se importaria - afinal não tem nada a ver, isso é normal entre amigos da rede?

Pois é, se você escolheu a primeira opção, saiba que não está sozinho (a). O efeito que o Orkut provoca entre os casais é dos mais diversos. O design interativo dessa rede social filiada ao Google, desenvolvida em 2004, pelo engenheiro Orkut Büyükkokten, a fim de proporcionar encontros e manter relacionamentos, tem exaltado os ânimos de muitos. Mas, porque este fenômeno interferiu tanto na vida amorosa dos seus personagens? Qual o objetivo do indivíduo em criar uma página para si?


As intenções dos usuários em aderirem à rede podem ser das mais variadas. Entre os participantes, 64,34% deles pensam em fazer novos amigos e encontrar os antigos; em segundo lugar estão aqueles que procuram contatos profissionais, com 19,51%. Entre o restante, ou seja, 16,15% estão àqueles interessados em relacionamentos amorosos e até mesmo em se exibir. Para os ciumentos de plantão, a intenção do parceiro (a) em criar um Orkut não é das melhores. Sempre haverá maldade e ele ou ela é considerado culpado (a), mesmo quando não se tenha nada a ver com as “mensagens” recebidas.


É assim com Lília, 24 anos. Ela invadiu o Orkut do namorado e colocou uma foto do casal, para que todos vejam que o rapaz é comprometido. Todos os dias ela monitora os recados recebidos por ele. Basta apenas uma frase do tipo “passei só pra dar boa noite” ou “oi”, para o casal discutir a relação. Se ele responder, então, aí é que a coisa fica feia. “Ele não precisa responder nenhum recado desse tipo. Apenas aqueles enviados por parentes e amigos próximos de nós”, impõe. “Se eu souber que ele correspondeu a algum recado dessas “vagabundinhas” que não se enxergam, ele vai pagar caro”, ameaça.


Já Letícia Castro, 19 anos, não vê problema algum em seu marido manter uma página na rede com mais de 200 amigos e receber os mais diversos tipos de recados. “Não tenho ciúmes, acho normal e não me sinto ameaçada. Nunca tive motivos para sentir ciúmes do meu marido no Orkut”, afirma.


Nem sempre é assim. Muitas vezes, o ciúme despertado por essa interação vai muito além de uma longa discussão. “Minha amiga separou-se do marido por causa do Orkut. O marido dela era muito ciumento e viu um recado que ela recebeu de um amigo, colocou na cabeça que ela estava traindo ele e pediu a separação”, conta Eunice, 32 anos. Há casos em que pessoas chegam a cometer crimes por causa do ciúme de amigos do parceiro(a). Mas será que sem o Orkut os casais viveriam melhor?


Para a psicóloga clínica especializada em Psicologia Profunda (Psicanálise e Psicoterapia Junguiana) que atende muitos casais com problemas oriundos da internet em seu consultório, Carmelita Rodrigues, independente do Orkut, pessoas ciumentas encontrarão motivo em qualquer coisa para sentir ciúmes. Esta ferramenta de comunicação é só mais um fenômeno que surgiu. As novas formas de se comunicar e interagir apenas ampliou o contato entre as pessoas e aumentou as chances dos encontros se concretizarem – talvez isso tenha causado maior insegurança e ameaça para a pessoa ciumenta. O Orkut é uma forma de exposição, por mais que a intenção ao criá-lo seja a mais diversa possível. Segundo afirma, há possibilidade do casal manter um perfil na rede de maneira pacífica e sadia. Basta apenas existir a famosa relação de confiança e tolerância entre os dois.


Para ela, a pessoa que se integra à rede, faz isso com o objetivo de se socializar. Muitas delas aderem a essa ferramenta porque tem dificuldade em fazer isso no convívio diário. Algumas chegam até mesmo a passar uma impressão irreal do que realmente são. “Os mais tímidos geralmente se expõem como uma pessoa extrovertida, descolada, fotos alegres, criando assim um personagem que se comunica por meio deles. Talvez isso tenha incomodado ainda mais o parceiro(a) com ciúmes”.


Existem comunidades como “Ciumentas de Plantão” ou “Eu odeio essa droga de Orkut”, que abrigam e possibilitam a esse tipo de membro trocar desabafos e encontrar algum tipo de ajuda conhecendo outras experiências. Nas enquetes promovidas, há pesquisas em que 100% dos participantes assumem a sua fúria contra quem decide mandar um recadinho dos mais inocentes para o parceiro em questão.


Indiferente a tudo isso, a cada dia o programa ganha mais adeptos. O Orkut é a rede social com maior participação de brasileiros - mais de 23 milhões de usuários. A cada semana a rede social ganha oito mil novos membros, só no Brasil. Para aqueles que “amam demais” só restam duas alternativas: convencer o seu amor a sair da rede (o que, muitas vezes, é impossível) ou evitar entrar na página do amado (a), para não gerar possíveis discussões. Para quem não vê problema nisso, a diversão continua.

Nunca a realidade foi tão engraçada...

Fui ao cinema ver a estréia de "Última Parada 174" e fiquei chocada com o que vi. Não pelo que vi no filme, pois já esperava pelo conteúdo - além de ter acompanhado o trágico espisódio pelos jornais, vi também o documentário (diga-se de passagem, bem melhor q o filme). O que me deixou perplexa e confusa foram as risadas de alguns "seres do pântano", (pra não chamar de outra coisa) que estavam na platéia. Custou acreditar que as cenas fortes, que mostravam a realidade nua e crua da violência no país pudessem provocar tantas gargalhadas naquelas criaturas.

Como podem rir assim da desgraça dos outros? Riam como se aquilo tudo fosse ficção. Se bem que, para os que vivem na "Ilha da Fantasia" chamada Brasília, tudo isso não passa de ficção mesmo - é uma realidade bem distante da nossa aqui. O perfil dos que achavam graça de tudo? Vou descrevê-los: algumas mulheres acompanhadas do marido/namorado em seus carrões do tipo "C4 Palace", Corolla, entre outros, cobertas de grife, silicones e cirurgias plásticas por todo o corpo (vamos dá um desconto - mulheres assim não têm neurônios, é cobrar muito delas!).

E os manés? Ah, os manés... Estavam ótimos, verbalizando pensamentos do tipo: nossa que nega maravilhosa (a atriz que fazia a prostituta e namorada do Sandro). Em nenhum momento conseguiam recobrar a consciência e acordar para os fatos.

O filme foi baseado no documentário e tentou ser fiel à história o quanto pode, apesar de em certos momentos transformar o Sandro em um personagem fictício. Creio que a intenção do longa metragem é a de provocar discussões e debates sobre a violência urbana, a má distribuição de renda, enfim...

Enquanto assistia, a única coisa que conseguia sentir era indignação, vontade de mudar o mundo e exterminar terríveis criaturas do Planeta.