quinta-feira, 20 de novembro de 2008

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Quando o negro for belo




Uma reflexão sobre como na língua o negro está manchado irremediavelmente é oportunizada com a chegada de Obama ao poder. É o que propõe a jornalista Sandra Russo, do jornal argentino Página/12 ( * ), sugerindo que se estabeleçam algumas normas que permitam àqueles que trabalham com a responsabilidade da informação um necessário cuidado com a linguagem.


Sandra lembra que a reflexão consta de consagrada letra do músico colombiano Andrés Landera, cujo título é bastante eloqüente: “O que acontecerá quando o negro for belo?”. O questionamento de Landera é pertinente face à enorme quantidade de conotações pejorativas, depreciativas e discriminatórias que nos proporciona a fala quotidiana para nos referirmos ao negro.


Os negros são aqueles que têm a pele da mesma cor que tudo o que nos espanta. Qualquer dia da semana inocente se assenta na catástrofe ou na tragédia quando se lhe agrega o adjetivo “negro”, como: “uma quarta-feira negra para as bolsas”. O negro, como a esquerda, diz Sandra, foi deslocado na língua para zonas obscuras e miseráveis. O branco conota pureza o negro trás a idéia de sujeira.


Enquanto o branco é o vestido da noiva, negras são as vestes da viúva. Do mesmo modo, atuar pela esquerda é fazer trapaça, corromper-se, delinqüir. Ir pela direita, em troca, é ser frontal, ter coragem, paciência, moral. E a historia ocidental está escrita por uma mão branca.


É compreensível o pipocar de alegria com a eleição de um afro-americano. Boa ocasião para rever as costuras da nossa língua. Mas, Colin Powell e Condoleeza Rice foram negros aceitos por esquecerem quem eram. Melhor torcer por Obama pelo que prometeu fazer. Não por sua negritude.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

"Eu tenho um sonho"


Depois de alguns dias refletindo sobre o que eu poderia escrever, fui fortemente impulsionada para manifestar a minha opinião sobre a eleição de Barack Obama. "Se alguém aí ainda dúvida de que os Estados Unidos são um lugar onde tudo é possível, que ainda se pergunta se o sonho de nossos fundadores continua vivo em nossos tempos, que ainda questiona a força de nossa democracia, esta noite é sua resposta," afirmou Obama na abertura do seu discurso de vitória.

A eleição do democrata tem um significado maior do que possamos imaginar. Um presidente de esquerda, negro, em um país com uma população extremamente conservadora, preconceituosa e que possui uma direita, composta, em sua maioria, por iletrados, brancos e ricos, que só pensam em consumir e não estão nem aí pro resto do mundo, seria algo fantasioso.

Filho de um estudante queniano, que infligiu a lei da época casando-se com uma americana branca, Barack começou a trajetória que o levou a presidência dos Estados Unidos como um simples político regional, pouco conhecido fora do estado de Illinois.

Ao votarem em Obama, os americanos tiveram a oportunidade de reparar erros e injustiças cometidos num passado execrável, onde o racismo e a intolerância eram pregados por movimentos como o Ku Klux Klan, ou KKK, que espalhavam o terror entre negros e praticantes de outras religiões não protestantes.

Agora, o mundo e os eleitores do mais novo revolucionário esperam a transformação do legado de guerras intermináveis e caos na economia, deixado por Bush. Se ele conseguirá, ainda não sabemos. ("O caminho pela frente será longo. A subida será íngreme. Pode ser que não consigamos em um ano nem em um mandato", afirma o novo presidente).

Sabemos porém, que os EUA continua sendo a maior potência do mundo e que será necessário muita garra, sabedoria e desprendimento para evitar que "efeitos Dominó" como este provocado pela crise financeira, desestabilizem o mundo. Por outro lado, Martin Luther King Júnior vê (onde quer que esteja) seu mais famoso discurso "Eu tenho um sonho" se concretizando com a vitória de Barack Obama. Deus abençoe a América!